Algumas vezes reconhecemos que não estamos agindo da maneira correta, mas mesmo assim, enfrentamos uma dificuldade enorme em alterar determinadas atitudes. O simples fato de estarmos cientes dessa condição é um passo muito importante rumo à transformação. Entender como funciona todo esse mecanismo também pode ajudar, então vamos à compreensão do principal motivo que determina nossos comportamentos.
De forma geral, as informações chegam até nós através de ondas, principalmente sonoras e visuais. Essas ondas adentram nossa mente por meio dos sentidos e são processadas pelo cérebro. Algumas delas podem ser armazenadas na memória, enquanto outras podem ser descartadas ou esquecidas com o tempo. Isso vai depender de uma variedade de fatores, como relevância, atenção e emoções associadas ao estímulo, etc.
Quando reforçamos uma informação, especialmente por meio da repetição, ela tende a se gravar em nossa memória, destacando-se em comparação a outras. Vamos utilizar a música como exemplo: enquanto escuto uma playlist, uma das músicas me chama a atenção, então decido repeti-la várias vezes. Após alguns dias, é provável que eu me lembre apenas da música que memorizei, pois um caminho foi formado em minha mente, fortalecendo as conexões neurais relacionadas a ela em meu cérebro.
O mesmo acontece com as demais informações. Seja por ouvir, ver ou por pensar em determinada informação com frequência, construímos um caminho mental, que pode se tornar uma crença. Muitas vezes, este caminho se torna tão marcado, que ficamos condicionados a ele, sendo muito difícil seguir outra direção sem cair nesse “sulco mental”.
Essas crenças podem determinar nossos comportamentos. Quando realizamos uma ação repetidamente, nosso cérebro forma rotas neurais específicas que facilitam a execução dessa ação no futuro. Com o tempo, essas rotas neurais se fortalecem e se tornam automáticas, transformando a ação em um hábito.
Este é o motivo pelo qual não conseguimos mudar… ao menos não tão facilmente. A mudança requer esforço e, nesse processo, dois fatores são fundamentais: consciência e vontade.
Nesse caso, vamos considerar consciência como sendo o oposto do automatismo. Em vez de pensar ou agir de forma automática, precisamos estar conscientes para conseguir fazer diferente. Aos poucos, com muita força de vontade, somos capazes de construir um novo caminho em nossa mente, e reforçá-lo a ponto de não mais seguir a rota antiga.
O corpo humano é uma máquina, e quem opera essa máquina é a consciência. Nossa mente é adaptativa e tende a criar hábitos para economizar energia e facilitar o funcionamento diário, no entanto, é necessário cuidar para que os hábitos sejam positivos e construtivos. Mediante a auto-observação constante, podemos nos utilizar do livre-arbítrio para escolher nossos pensamentos, ações e, em certa medida, nossos sentimentos e emoções.
É importante compreender a diferença entre consciência e mente. A primeira está relacionada ao nosso espírito, ao Ser de Luz, que é quem realmente opera a máquina humana através de eletricidade. Já a mente está associada aos pensamentos. O Ser de Luz precisa de um corpo físico, um corpo mental e um corpo emocional para se manifestar nesse mundo, de forma que os pensamentos compõem o corpo mental. A questão é que a maior parte das informações armazenadas neste corpo reside na chamada mente inconsciente. Quando agimos de forma automática ou instintiva, certas informações como memórias implícitas, habilidades motoras, crenças e padrões comportamentais, emergem sem a presença da consciência.
Portanto, a mente inconsciente desempenha um papel significativo em nosso comportamento cotidiano, muitas vezes influenciando nossas decisões e ações sem que tenhamos plena consciência disso. Quando percebemos, algo já foi falado ou realizado e muitas vezes não entendemos porque falamos ou agimos daquela maneira.
A boa notícia é que, apesar da dificuldade em alterar comportamentos enraizados devido à formação de caminhos neurais consolidados, isso é totalmente possível. O autoconhecimento, unido à vontade de mudar e a conexão com o momento presente, possibilita essa transformação.
O primeiro passo é reconhecer o padrão de comportamento inadequado, se conscientizando da necessidade de mudança. O segundo passo é a auto-observação constante, movida pela vontade de fazer diferente. Podemos considerar a perseverança como um terceiro passo fundamental, já que a transformação geralmente ocorre de forma gradual. O novo caminho precisa ser construído e consolidado, e isso requer tempo. Sentimentos de culpa e autocobrança excessiva podem prejudicar o desenvolvimento desse processo.
Seguindo esses passos, é possível sair dos padrões de comportamento preestabelecidos e dominar a si mesmo, conquistando o sucesso necessário para uma vida mais plena e feliz.