Tentar controlar o que está fora do nosso controle é algo que fazemos com frequência e nos causa muitos dissabores. Dificilmente paramos para refletir se realmente cabe a nós ou não resolvermos certas coisas, no entanto, se nos habituarmos a nos questionar nesse sentido, perceberemos o quanto de energia desperdiçamos inutilmente. Energia essa que poderia ser utilizada para nos melhorarmos como pessoas, olhando para nosso interior através de um processo de autoconhecimento, identificando e trabalhando nossas sombras, crenças e traumas.
É comum nos esquecermos que além da nossa mente, há uma inteligência capaz de guiar os eventos de nossa existência. Deixamos o Ego tomar conta e controlar tudo como se ele fosse mais inteligente que nossa própria Essência, que a própria vida.
Deus está presente em cada átomo desse Universo, e se permitirmos que ele atue sem a interferência do nosso Ego, tudo fluirá sem esforço. É importante salientar que me refiro a Ego como componente da personalidade, moldado e influenciado pelo sistema de crenças implantado em nós. Podemos ter um Ego mais condizente com nossa Essência, no entanto, a grande maioria dos habitantes deste planeta ainda possui um Ego mais instintivo, que representa suas crenças limitadas e distorcidas, além de traumas e sombras que impedem a atuação do Ser de Luz.
A “Lei da Não Ação” é um conceito taoísta que enfatiza o princípio de agir em harmonia com o fluxo natural das coisas, em vez de resistir ou forçar situações. É também conhecida como “Wu Wei” em chinês, que literalmente significa “não fazer” ou “não agir”. Essa abordagem sugere que, ao invés de tentar controlar tudo, é mais eficaz permitir que as coisas aconteçam espontaneamente, agindo de acordo com a natureza e seguindo o curso natural dos eventos.
Quando algo não está fluindo bem na vida e tudo parece dar errado, de forma que seja necessário muito esforço para acontecer, como se estivéssemos “remando contra a maré”, provavelmente estamos trilhando o caminho errado. Por outro lado, quando seguimos os sinais que a vida apresenta, as sincronicidades acontecem e tudo flui facilmente. É como se a vida nos dissesse: continue, porque você está seguindo a jornada correta.
O Universo transmite mensagens o tempo todo, mas infelizmente a humanidade está muito ocupada para perceber. A correria frenética em busca da matéria se tornou um hábito comum. A percepção de que o mundo material apenas reflete o que trazemos dentro praticamente não existe.
A sociedade é assim porque as pessoas são confusas e agitadas e não o contrário. No entanto, quando existe um despertar, e a pessoa toma consciência de que a vida não pode se resumir a tão pouco, inicia-se uma busca por algo mais.
Ao perceber que somos totalmente responsáveis pela criação da nossa realidade, e ao realizar nosso trabalho interno, podemos utilizar de maneira consciente a lei da não ação. Nesse momento, deixamos de querer controlar tudo, nos tornamos apenas um instrumento de uma inteligência maior e podemos nos deixar guiar por ela com confiança.
Não se trata de não fazer nada, mas sim de agir de acordo com o fluxo da vida, sem esforço, como a água de um rio que sempre corre pelo caminho mais fácil. Ao “Buscar o Reino dos Céus”, tudo mais nos será acrescentado, ou seja, ao buscar trazer luz às nossas sombras, a vida nos retribuirá com paz, amor, saúde, abundância e muito mais. Quanto mais limpamos e expandimos nosso pacote de informação, o deixando livre de imperfeições como medos, ódios e vícios, mais obteremos segurança e confiança para acreditar nos sinais da vida e se deixar levar de forma harmoniosa por caminhos cada vez mais sublimes.
Não podemos confundir não ação com falta de disciplina e comprometimento. Precisamos cumprir nossas obrigações com responsabilidade, da maneira mais organizada e eficaz possível. A sutileza desse conhecimento está na consciência de que a mudança deve ser interna. Nos transformando interiormente, ressignificando nosso pacote de informações, o que não está fluindo no mundo exterior irá se transformar. Essa informação é crucial para a compreensão dessa lei.
É sábio e aconselhável sonhar e ir atrás de realizar nossos sonhos, porém, devemos respeitar o tempo divino e ter sempre em mente a importância de priorizar o que realmente é relevante na nossa vida. A reforma íntima, através da autoobservação constante, deve estar sempre em primeiro lugar. Quando nós mudamos, tudo ao nosso redor também muda.
Não precisamos correr atrás das borboletas pois cultivando nosso jardim, elas virão até nós. Assim acontece com nossos sonhos, cultivando nossos valores e virtudes, eles se realizam sem que seja necessário um esforço externo. Ao elevar nossa vibração, cultivando por exemplo o amor, o perdão, o respeito e o não-julgamento, entramos em ressonância com a frequência energética do Universo, o que permite que os eventos ocorram naturalmente.
Na nossa sociedade ainda prevalece a crença de que uma pessoa de valor é aquela que se esforça muito. Aquele que possui uma “vida boa”, sem precisar trabalhar tanto geralmente não é tão valorizado como aquele que possui uma vida “sofrida”. Com um nível de consciência mais amplo, podemos considerar que esse é um pensamento distorcido, já que somos parte da natureza, e nela os processos ocorrem sem esforço, com suavidade, harmonia e fluidez. Em vez de resistir, nos sacrificar ou lutar contra os fluxos naturais, podemos fluir com eles, encontrando mais paz, equilíbrio e harmonia em nossas próprias vidas.
Se você não está feliz, é bem possível que não esteja ocupando o lugar adequado no mundo. Não deixe que o orgulho o impeça de enxergar o que a vida está lhe oferecendo. Liberte-se de julgamentos e crenças distorcidas, siga sua vontade e esteja sempre consciente de que não nascemos para lutar mais sim para sermos felizes.